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SAÚDE
QUE VOCE GANHOU COM O VINHO,
SE BEBER VINHO,
VÁ DE BIKE-SAÚDE.
ENTRE NESTA CAMPANHA E DIVULGUE
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Para (tentar) entender a Lei Nº 11.705
O que
se espera de uma lei é que ela seja justa.
Muitos
dos acidentes de trânsito estão associados a um consumo abusivo de
bebidas alcoólicas. Isso motivou o governo a sancionar a Lei Nº
11.705 que determina tolerância zero de alcoolemia para quem dirige
veículos automotores. Desse modo é criminoso todo indivíduo que
dirigir veículo automotor e tiver qualquer alteração no teste do
bafômetro ou o testemunho de alguém de suposta embriaguez. Isso tem
despertado muitas discussões. É inquestionável que o consumo
abusivo de álcool prejudica o desempenho na direção. O que muitos
discutem é a criminalização do consumo de doses baixas de álcool
e dirigir veículos automotores bem como a validade do uso do
bafômetro e testemunho de pessoa não médica como prova de
embriaguez. Vou apresentar alguns conceitos e informações para se
(tentar) entender essa questão.
Alcoolemia
– é a quantidade de álcool no sangue. Normalmente expressa em
gramas de álcool por litro de sangue. O melhor método de avaliação
é a dosagem por cromatografia gasosa no sangue. A dosagem na urina
não traduz a quantia de álcool no sangue no momento da coleta do
exame. A medida de álcool no ar expelido pelos pulmões guarda uma
relação com a massa de álcool no sangue, como veremos mais abaixo.
Embriaguez
– é a "intoxicação
aguda e transitória causada pelo álcool ou substâncias de efeitos
análogos que privem o indivíduo da capacidade normal de
entendimento".
Esse conceito não contempla níveis de alcoolemia e sim
manifestações clínicas.
Bafômetro
– aparelho que mede a quantidade de álcool no ar expelido pela
boca. Não é uma medida direta da quantidade de álcool no sangue.
Esses aparelhos expressam a quantia de álcool no sangue porque usam
uma relação determinada por Widmark, em 1932. Esse pesquisador,
estudando um grupo de pessoas, constatou que existe uma relação
média de 2.100:1. Isso significa que a massa de etanol encontrada em
2.100 mL de ar expelido a uma temperatura de 34 ºC é a massa de
álcool encontrada em 1 mL de sangue. Essa relação é adequada para
a maioria das pessoas, mas não para todas. O ar contido no fim de
uma expiração prolongada é que guarda uma relação mais fiel com
a massa de álcool no sangue. Como se vê esse é um método indireto
e sujeito a muitas variáveis, ao contrário da dosagem no sangue.
A
absorção
do álcool pelo organismo se dá de 20 a 40% pelo estômago e o
restante, que é a maior parte, pelo duodeno – a porção inicial
do intestino. Ele é solúvel em água e no sangue, mas não em
gorduras. Seu metabolismo acontece quase exclusivamente no fígado e
é eliminado do organismo pela urina, ar expirado, saliva e suor.
Metabolismo
é o conjunto de transformações que substâncias sofrem no interior
de seres vivos. A maioria das pessoas tem a capacidade de metabolizar
1 grama de álcool por cada quilograma de peso corporal num período
de 24 horas. Assim, uma pessoa de 70 kg seria capaz de metabolizar 70
g de álcool em um dia. Mas muitos fatores interferem nisso tudo, a
saber:
Idade
– as pessoas de mais idade têm o metabolismo mais lento e um
percentual menor de água no corpo, fazendo com que o álcool seja
eliminado mais lentamente e se concentre mais nos outros tecidos.
Exames de alcoolemia feitos em um jovem e um idoso que ingeriram uma
mesma quantidade de álcool mostrarão níveis mais elevados para o
de mais idade.
Sexo
– as mulheres geralmente têm uma massa corpórea menor e um
percentual de gordura maior que os homens. Elas também costumam ter
menos enzimas que metabolizam o álcool. Por tudo isso elas costumam
ser mais sensíveis aos efeitos do álcool e ter uma maior alcoolemia
que os homens considerando uma mesma dose de bebida.
Peso
– quanto maior a massa corporal de uma pessoa, mais o álcool se
distribui pelo sangue e tecidos e menos concentrado ele estará no
sangue. A quantidade de enzimas que metabolizam o álcool guarda uma
relação direta com o tamanho do fígado que por sua vez é maior
quanto maior o peso da pessoa.
Alimentos
– A presença de alimentos no estômago e/ou duodeno retarda a
absorção do álcool, dando mais tempo para o fígado metabolizá-lo.
Em média duplica o tempo de absorção. Alimentos gordurosos
retardam mais e os alcalinos menos a absorção do álcool. A
presença de gás carbônico (água com gás, por exemplo) também
aumenta a absorção. Por isso que vinhos espumantes ‘pegam’ mais
fáceis.
Padrão
de ingesta
– beber muito rapidamente seguramente é mais danoso que beber
lentamente. Beber dois copos em jejum é bem diferente que beber os
mesmos dois copos, lentamente, junto com uma refeição e com 8 horas
de diferença um do outro.
Medicamentos
– vários medicamentos interferem na absorção, metabolização e
eliminação do álcool, podendo aumentar ou diminuir a sua detecção
pelos exames.
Constituição
gênica
– a informação genética de cada indivíduo pode interferir no
metabolismo do álcool.
Isso
tudo gera muita discussão. A definição de embriaguez não
contempla níveis de álcool no sangue e sim manifestações
clínicas.
Um
dos mais renomados professores e autor de livros de Medicina Legal, o
Dr. Genivaldo Veloso de França, professor Titular de Medicina Legal
nos Cursos de Medicina e Direito da Universidade Federal da Paraíba,
em trabalho apresentado no 1º Congresso Internacional de Medicina
Legal e Ciências Forenses, realizado na Faculdade de Medicina da
Universidade de Buenos Aires, em Buenos Aires, Argentina em
abril de 2005, pondera: “se
levarmos em conta apenas o resultado da dosagem do álcool no sangue,
vê-se que é possível cometer-se enganos, levando em conta a
inflexibilidade de uma avaliação que se baseia apenas no teor
alcoólico do sangue do condutor de veículo”.
Ele
defende que “o
exame clínico tem como determinar com segurança a ebriedade, de
forma concreta e detalhada”.
Pelo
aqui exposto, podemos constatar que tabelas, como a aqui apresentada,
expressam apenas dados de um grupo de pessoas e que servem como
referência para a maioria, mas não para todos. Quanto ao uso
abusivo de bebidas alcoólicas não há dúvidas que é danoso e deve
ser coibido. Mas o uso de bafômetros e níveis muito baixos de
alcoolemia para fins legais são no mínimo muito polêmicos.
Decisões
importantes para a sociedade não deveriam ser tomadas baseadas em
crenças dogmáticas e afirmações históricas de baixo nível de
evidência científica, pois tudo que se espera de uma lei é que ela
seja justa. Entre nesta campanha, QUEM FOR DIRIGIR NÃO BEBE, ao chegar em casa tome um calise de vinho no máximo 150 ml e tera uma otima noite de sono, veja matéria abaixo.
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